28 de outubro de 2011

São Judas Kadafi

Aproveitando o gancho da Malhação de Judas.
Dia desses os assuntos levianos que precedem as aulas da faculdade deram lugar a uma discussão acerca da execução morte do Kadafi. Pipocaram aquelas frases típicas de: "Ele bem que merecia", "Já foi tarde", "Tinha que ter sofrido mais". Eu retruquei, sendo mais uma vez a única com opinião diferente, questionando-os o porquê de toda aquela alegria perante a morte e humilhação de um ser humano. 
"Você não banca a sabe-tudo? Não sabe quantas pessoas ele matou?"
Sim, eu sabia, eu sei, mas meu senso de humanidade não me permite ficar alegre ao ver imagens de uma pessoa de cabelos desgrenhados, sangrando, atordoada, sendo jogado de um lado para o outro, de um caminhão para o chão, apresentada como um troféu. Por pior pessoa que ele tenha sido assistir aquelas cenas me fez virar o rosto, ouvir seus gritos, implorando que não o executassem ali, fez lágrimas escorrerem dos meus olhos. O homem que me causava repulsa fez aflorar meu lado mais humano. A compaixão que senti dele, a mesma que ele dispensou ao dilacerar suas vítimas, me fez refletir sobre a atitude dos rebeldes. Matá-lo daquela forma, na minha opinião, tornou-os semelhante a ele. Acho que é exatamente isso que nos diferencia, eu não me sinto especial, nem superior a ninguém, logo o que não quero para mim, não quero para os outros também.
A Malhação de Judas me remete a um medo da infância, medo da maldade do traidor e dos linchadores.
Hoje medo da maldade do ditador e dos rebelados.

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